Este blog é uma ferramenta usada para registro das atividades programadas para o desenvolvimento da disciplina "Conhecimento e Ética" do Curso de Bacharelado em Ciência e Humanidades - BC&H da UFABC, sob a responsabilidade do Prof. L. A. Peluso, desde o primeiro quadrimestre de 2012 até o primeiro quadrimestre de 2014.
sábado, 20 de abril de 2013
18. COMENTÁRIO EXCELENTE
Caros alunos,
Vejam o brilhante comentário que André Battistini (aluno da disciplina Conhecimento e Ética em 2012) fez para o tema: "WITTGENSTEIN: A ÉTICA E OS LIMITES DA LINGUAGEM"
"O capítulo de Ludwig Wittgenstein foi na minha opinião o mais interessante dos estudados até o momento, isso porque ele dá outro enfoque para discussão sobre ética, analisando pontos que até então não haviam sido explorados. Ao longo do curso vimos as tentativas de pensadores ao longo do tempo de estabelecer regras para análises da conduta humana, e podemos dizer que sempre se seguiu uma linha de “trabalho”, até Wittgenstein que muda completamente o foco.
Wittgenstein coloca a ética como algo transcendental e aponta para os limites de linguagem para tratar do assunto. A linguagem traduz mensagens que se referem ao mundo, mas há coisas além do mundo, que a linguagem então não atinge, não tem poder de alcançar. A ética é uma dessas coisas além do mundo, transcendental, já que ela não é um fato, é algo não-factual. As discussões éticas são motivadas em direção ao absoluto, enquanto a linguagem é relativa.
A partir do momento que o pensador austríaco expos seu pensamento na conferência sobre ética de 1929 ele provavelmente inaugurou uma nova fase, pois é impossível desconsiderar seus estudos para falar de ética. Na verdade o “falar” sobre ética é outro ponto que Wittgenstein discute. Como não conseguiremos definir o que é ética, o filósofo coloca o que devemos fazer: “Sobre aquilo que não se pode falar, deve-se calar”.
Para Wittgenstein devíamos agir e não ficar falando de ética, como ele fez ao longo de sua vida. Porém, o que devemos entender é que ele não pede para que paremos de discutir ética, pelo contrário, ele diz em sua conferência que os esforços são válidos mas que nunca chegaremos a verdades, que “esta corrida contra as paredes de nossa jaula é perfeita e absolutamente desesperançada”.
Na minha opinião, por mais que existam os limites de linguagem não devemos nos calar. Mesmo considerando que nos debates sobre moralidade de condutas buscamos mais do que qualquer outro debate falar de forma absoluta, nunca chegaremos a essas verdades absolutas, mas podemos chegar a afirmações definitivas de conteúdo relativo (como conclui o livro Ética para Principiantes acerca do que pretende a filosofia contemporânea).
Eu vejo que o homem não deve buscar apontar o que é moral, e sim tentar definir condutas IMORAIS para sua sociedade em sua respectiva época. Ou seja, não podemos apontar o que é o bom, mas podemos chegar a consensos do que não serve, do que não deve ser aceito como conduta moral.
“Espancar” uma criança é um exemplo de uma conduta que não serve, que pode ser considerado imoral, por mais que discutam o termo bater e a época que está inserida a discussão."
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